e com a palavra...

Vinícius: 97 anos


"Quem pagará o enterro e as flores/ Se eu me morrer de amores?" (Vinicius de Moraes)

“Que seja eterno enquanto dure!” profetizou o Poetinha em um de seus poemas mais conhecidos. E como uma estrela, que brilha ainda mais após encerrar as atividades, o homem que dedicou sua vida às mulheres, à alegria, à canção e ao bem-viver continua sendo o NOSSO poeta. Nosso e das “meninas de bicicletas” que fagueiras passeiam no calçadão.

Diplomata, poeta, cantor, compositor, homem, moleque, tantas são as faces de Vinícius que seria preciso um poema por dia para cantá-lo com pompa e justiça. Um homem que foi capaz de enfrentar um sistema autoritário, afrouxar o nó da gravata, subir o morro e cair no samba merecia viver para sempre.

No entanto, diga-me, caberia Vinícius neste mundo frio e amante das coisas frívolas, dos amores virtuais? Viveria ele sem a carne fresca e as coxas cálidas que tanto amava?

Poeta virtuoso, mas pouco lido, descobriu-se compositor. Deitou e rolou ao lado de Tom Jobim, seu parceiro maior, Edu Lobo, Carlos Lyra, Baden Powell e Toquinho. Daí veio o Orfeu Negro, e Camus... e a Palma de Ouro em Cannes. A Bossa Nova, os Afro-Sambas, a Garota de Ipanema, “tantas fez o moço....”. Vinícius já era globalizado antes mesmo do termo fecundar a mente dos teóricos da nova ordem.

Filho de Xangô, embaixador do Principado de Itapuã, a pomba branca retornou aos céus em 9 de julho de 1980, mas não saiu dos corações apaixonados. Dizia que era preciso respeitar a alegria e a tristeza e daí todas as outras coisas surgiam.

Marcus Vinicius de Melo Moraes nasceu em 19 de outubro de 1913 no Rio de Janeiro. Estudou direito no Rio e Literatura em Oxford. Amava tanto o cinema, tendo sido crítico e censor cinematográfico, amigo de Orson Welles. Ingressou na carreira diplomática em 1943, mas a poesia e o samba falaram mais alto, e depois de algumas rugas com os militares acabou deixando de lado uma bela carreira no Itamaraty para viver do jeito que gostava, ao lado dos amigos, das mulheres e da música. “Eu não ando só, só ando em boa companhia. Com meu violão, minha canção e a poesia.”.

E, como dizia o poeta:

“É melhor ser alegre que ser triste, alegria é a melhor coisa que existe, é assim como a luz no coração... porque o samba é a tristeza que balança, e a tristeza tem sempre uma esperança de um dia não ser mais triste não”

A benção, Vinícius, Saravá!

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