e com a palavra...

Identidade e atitude marcam show do Capital Inicial (no Festival de Verão 2011)



Rouco, em recuperação e quase afônico, embora bastante determinado, Dinho Ouro Preto conduziu seus escudeiros Fê Lemos, Flávio Lemos, e Yves Passarell ao mais alto nível do que se convencionou chamar de “atitude rock and roll”.

Quase dois anos após o acidente “no cumprimento do dever” que quase o tirou dos palcos e da vida, o vocalista do Capital Inicial, no que tange ao vigor físico, parece totalmente recuperado. Salta de um lado a outro do palco de cerca de 30 metros com a mesma desenvoltura que tornou memorável cada apresentação ao vivo do grupo de quase três décadas de existência praticamente ininterrupta. (Sobre o acidente com Dinho Ouro Preto CLIQUE AQUI.)

Retomando sua origem de banda de garagem, o Capital incendiou a plateia. Dinho, literalmente, organizou o movimento e orientou o carnaval dos roqueiros presentes nesta primeira noite de festa no Parque de Exposições de Salvador. E nem a voz que em inúmeros momentos do show mostrou-se insuficiente, embora nunca vacilante, foi bastante para desfazer o encantamento do público que, como assistentes de mágico hipnotizadas, não precisou de meio acorde para se render aos encantos do grupo.

Antes do show, o cantor disse que “a banda está em seu momento mais maduro e que apesar de todo crescimento profissional a essência continua a mesma”. E no palco não se via outra coisa. Dinho não sabe ficar parado. E não deve, nem seu público permitiria. Esta noite, no Parque de Exposições, a expressão “tire os pés do chão!” teve seu ápice.

A plateia parecia sentir que a voz do ídolo ia falhar e, como um elefante de metal que sustenta papeis na ventania, não deixou em momento algum que as canções perdessem seu brilho. Uma emocionante prova de amor e cumplicidade entre o artista e seu público. Cantor e claque iam conduzindo em uníssono, como um casal feliz, cada um dos clássicos e as novas canções que emanavam daquele palco.

Para que voz? Ou melhor, por que uma só voz, se havia 35 mil gargantas dispostas, apaixonadas e cantando junto? Enquanto isso, do centro do palco, o cantor pedia “agora quero ver 70 mil mãos pro alto e todo mundo cantando junto!”. Nem precisava pedir. A massa encantada parecia antecipar o desejo e mantinha a sinergia.

Em tempo: quando perguntado sobre a influência do Capital para as bandas da nova geração, Dinho disse que “é evidente que existe a referência, e que considera normal que novas bandas sigam o exemplo”.

Alguns profissionais da imprensa interpretaram mal quando o vocalista respondeu sobre a febre das bandas ditas “coloridas”. Foi dito apenas que o Capital Inicial não se vê representado por essas bandas que devem possuir outros ícones e outras influências.

(Artigo inicialmente publicado no Diga, Salvador)

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