e com a palavra...

Ânsia


Salve o homem que saliva
Ao ver o corpo nu
Da mulher amada!
Que, instintivo, transgride
As regras e, rende-se à natureza,
Na ânsia de tocar-lhe as curvas.

Que, faminto, e
Com as mãos trêmulas e a boca
Ávida, molhada
Ama a poetisa, a literata
Com o mesmo fervor
Que exala ao amar
As putas, pois ambas
Desejam amor intenso
Na mesma proporção, ingênuo
Sem amarras, incessante
Terno e constante
E eterno a cada noite
A cada golpe de punhal
No quadril.

Ambos sujos, rotos e úmidos
Na guerra insana pelo domínio
Do corpo do outro
Que, por hora, lhe pertence.

Imensos são os calafrios
Dos insones
Diante da dor grotesca e prazerosa
Do gelo inquietante
Da resposta reticente
Da insana vontade de naufragar
Dos desvarios dos homens
Ilhados em corpos incandescentes

Deus salve [todos!] os covardes, que,
Desertando da batalha já perdida,
Aninham-se na coxa amada
Refrescam-se no colo amado
E dormem (in)tranquilos
Imensa é a sede do homem
Tamanha é a fome dos selvagens.



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