e com a palavra...

Pisando em rastro de corno


Hoje, definitivamente, não foi um daqueles dias que pretendo relembrar. Nem mesmo quando minha fala estiver entrecortada por estertores. A começar pela ideia insana de atravessar a famigerada, embora necessária e obrigatória, Avenida Paralela às 06h30. Nem vá, papá, que é suicídio!

Tentar chegar a qualquer lugar, em horário de pico, passando por aquela ‘via crucis cabocla’ é dose para apagão em Itaipu. Seria melhor entregar a cabeça ao carrasco na porta de casa que enfrentar isso todo dia. Pois é o meu itinerário... de sempre.

Na faculdade, de manhã, péssima matinê sem ter dormido nem um pouco. E mais: quem é que consegue assistir aula depois de 2 horas gratinando na Paralela? Ainda recebo de brinde, a pecha de enrolado preguiçoso. Nem dormi esta noite para colocar os trabalhos em ordem. Querem mais o que? Que reinvente a roda? Chupa aqui pra ver se sai caldo de cana!


A manhã transcorreu sutil como um elefante estabanado numa loja de cristais. De cara, joguei 40 paus na latrina. Ok, não literalmente, mas quando se compra uma merda que não funciona como deveria e você não é doido de voltar para trocar porque o local é totalmente insalubre e de vizinhança nada aprazível, sim, você tacou seus dois micos-leões-dourados na boca de lobo, sem dó nem piedade, cuspe ou vaselina, quiçá um maledicente punhado de areia - da fina, faz favor. Deu para sentir o cheiro do ralo.

Escatologia à parte, parece que sou o único soteropolitano que ainda se perde nesta cidade-labirinto. Após deixar o bairro da Barra, conheci parte do pequeno universo daquela área. Salvador é uma cidade muito desigual mesmo, e tenta se esconder atrás de arranha-céus.

Pura maquiagem, e a idílica Barra, antiga Vila do Pereira, legado do donatário real Francisco Pereira Coutinho não é exceção. A beleza natural convive com os vícios modernos: o consumo, a desvalorização do ser humano e a desvirtualização total dos valores. Por favor, não quero adotar uma postura moralista, mas, ta F*.

Ah, quase que esquecia. O local inóspito da compra malsucedida foi esse, ‘pertim’ do Farol. E o produto, antes que pensem bobagens, era um eletroeletrônico oferecido, de repente, e por uma micro parcela do que vale, aliás merda não deveria custar tanto mesmo.


Eu fico por aqui, com um olho no PC e outro na Paralela, que se apresenta aparentemente inofensiva por uma gretinha da janela do escritório. Esperando a boa hora de ir, pedindo a Deus, aos deuses e à deusa [ops, e ao "Ruivo Herring"], que me encaminhem em paz para casa, e que eu não volte a pisar, mesmo sem conhecimento prévio, em rastro de corno. Vade retro!

!MiF?