e com a palavra...

Toca, Raul!


Não, ele não era o diabo. Apesar de, segundo a sabedoria popular, o antagonista divino não possuir beleza semelhante à sua fama ou sequer às suas representações pictóricas. Mas esse baiano ilustre e maldito possuía e (ainda possui, porque não?) todas as qualidades para assumir a paternidade, tanto legal quanto simbólica, do rock brasileiro.
Pode não ter sido seu divulgador inicial, mas, foi quem melhor disseminou seu espírito livre e atestou sua perenidade nestas bandas. Ele deu os toques. Configurou essa máquina complexa, apesar dos seus três ou quatro riffs habituais.
Raul foi o extrato mais puro desse gênero musical, social e estético na terra dos papagaios. Foi ao trono mesmo que tardiamente, pois ainda passeia livre e vivo na mente de seus fiéis discípulos.
Não é difícil ver conjuntos por aí, recém saídos das garagens, dos playgrounds, dos cueiros, se dizerem inovadores. Precursores de determinado movimento. Responsáveis por misturar uma coisa com outra.
Ora, não foi Raulzito quem primeiro uniu o baião de Luís Gonzaga com o rockabilly de Elvis e Little Richards? E mostrou que o brega e o blues são almas gêmeas?
A esses engenheiros da obra alheia só vale aplicar um conselho do Sr. Seixas, pois ainda há tempo de tomar o rumo certo e a famosa vergonha na cara: não pare na pista, é muito cedo pra você se acostumar...

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