e com a palavra...

Balão de oxigênio (uma estante velha, vinis, livros e uma vaga lembrança da infância)


Outro dia estava realocando os livros e outros objetos na estante do quarto. Mudando de lugar para melhorar a vista, mexer um pouco na paisagem. Fiquei um tanto surpreso ao encontrar entre meus vinis uma coleção quase completa da Turma do Balão Mágico (sim, vinis e balão Mágico, isso além de acusar a idade de alguém demonstra que, além de ‘velho’ o cara foi uma dessas crianças que travavam – e creio que ainda o fazem hoje em dia – verdadeiras batalhas com os pais por um objeto ‘da moda’. Quase sempre vencendo a tal guerra. Minha mãe é uma santa!
Vinis tudo bem, não me causaram espanto por serem VINIS. Os amo até hoje, mas surpreendi-me ao lembrar que sabia de cor todas as letras daquele grupelho infantil. As principais formações e lembrava até do clipe onde a menininha (tá, era a Simony, eu lembro, confesso!) aparecia banguela e cheia de sardas.
Perdi muito tempo entre as recordações e a arrumação da estante atrasou. Vale lembrar que o referido móvel ainda carece de preciosos títulos. O consolo vem de uma frase (não sei o autor) reproduzida por uma professora certa vez: não se apresse, pois você nunca lerá todos os livros do mundo, nem se tentar com afinco. É verdade, mas tentar é uma ótima terapia.
E a coleção de discos sofreu uma baixa muito sentida há algum tempo, graças a um impiedoso ataque de cupins (detalhe: eles detonaram as capas, mas conseguiram, com isso, estragar os discos). Talvez eles não curtissem Beatles, Plebe Rude ou Novos Baianos. Vai ver só gostavam do Balão Mágico mesmo, soube que eles não vivem muito, a não ser que a rainha... bem , não vem ao caso agora. Também é possível considerar o contrário. Às vezes tentamos (vez ou outra até conseguimos) devorar aquilo (ou quem) que amamos.
Dos livros, apesar de me queixar sempre da falta de alguns essenciais, devo dizer que a fila da leitura ainda ocupa um andar (prateleira) inteiro. Vinte e quatro horas não têm sido suficiente para a chuva de informação que este mundo tosco e belo oferece – jornal (impresso e on-line), revistas, textos obrigatórios (e às vezes chatos) da faculdade, o noticiário esportivo essencial, meus livros de interesse pessoal e os de cunho profissional – e ainda perder umas horinhas dormindo. Aliás, aí está uma coisa que deveria ser opcional – o sono.
Enfim...
Ainda bem que, entre uma recordação e outra ainda posso sentar na poltrona, segurar uma xícara de café e ouvir o Brian Setzer dedilhar suavemente na guitarra os primeiros acordes da quase perfeita “I won’t stand in your way”. E felizmente não preciso, como ele, chegar ao ponto de finalizar com “anymore”. Pelo menos não enquanto os dias da agulha do toca-discos não chegarem ao fim.

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