e com a palavra...

Quem não tem teto de vidro...

Para não perder o mote pascoal, considero imprescindível discutir a questão difamatória sob uma ótica factual da vida de certa mulher. Nos três derradeiros e mais decantados anos da vida de Jesus de Nazaré, uma personagem, em especial, tem gerado polêmica por séculos: Maria de Magdala, ou, Maria Madalena. O que se sabe a respeito?
Ora, por séculos, a igreja católica difundiu a idéia de que se tratava de uma prostituta, ou, por alguns momentos, uma adúltera. Historiadores afirmam que esta mulher foi de extrema importância durante o ministério de Jesus. Outros até radicalizam. Apostam categoricamente que Madalena fora esposa de Jesus, contrariando a visão que conhecemos do cristianismo e deixando a todos com “a pulga atrás da orelha”.
O fato é que, por séculos, esta mulher foi tratada pelo mundo cristão como “a pecadora”, e hoje, a própria difusora da informação tenta rever seu erro histórico. Vale lembrar que, a mulher tem sido reprimida pelos cultos cristãos por toda a história do cristianismo. Algo que não se percebe na maioria das seitas pagãs européias, onde estas eram cultuadas como provedoras da vida.
A história da humanidade nos presenteia com diversas histórias de mulheres reprimidas por sua condição feminina. Ora, o que aborrecia Otávio quando resolveu mandar suas tropas contra Cleópatra senão o incomodo de ser contrariado por uma mulher? O que dizer dos franceses, que, durante a guerra dos cem anos, após combater com Joana D’arc, que disfarçada de homem provara ser um valoroso soldado, optaram por queimá-la?
Assim o foi com Maria de Magdala. Há textos apócrifos que lhe são atribuídos, e relatos históricos que já afirmam sua posição de relevância frente aos apóstolos. Mas, o que ganhariam as igrejas ocultando a importância desta mulher e relegando-a ao incômodo posto de pecadora? Há nesta ação alguma tentativa de preservar riquezas ou apenas um motivo a mais para subjugar as mulheres já tão reprimidas no mundo ocidental?
Para o Houaiss, difamação significa imputação ofensiva de fato(s) que atenta(m) contra a honra e a reputação de alguém, com a intenção de torná-lo passível de descrédito na opinião pública. Para Maria, talvez, após séculos de obscuridade, e de versões aplicadas à sua imagem, tenha chegado a hora da redenção. Não na forma de fé religiosa, mas com a libertação da mulher dos gradis impostos por seus semelhantes do pólo oposto. O melhor remédio contra ataques à honra e à imagem de alguém é o combate no campo da idéias. O acusador tende a cair em contradição, mesmo que o tempo passe e as pessoas finjam esquecer.

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