e com a palavra...

Orquestra Imperial encanta a Concha Acústica



por: Carlos Eduardo

De puro êxtase foi a expressão nos olhos de Lorena, que, pela primeira vez ouvia uma seqüência de músicas da imprevisível Orquestra Imperial. E, como quase todos os presentes naquela noite, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves (TCA), um show inteiro da banda.
O “hermano” Rodrigo Amarante, a polivalente Thalma de Freitas, o multi-instrumentista Moreno Velloso e outros nomes, consagrados ou não, do cenário musical brasileiro que fazem parte dessa big band carioca, que conta ainda com o auxílio luxuoso do mestre Wilson das Neves, e da pegada tropicalista de Nélson Jacobina, eterno parceiro de Jorge Mautner, mostraram, no palco, porque esse grande encontro vem funcionando tão bem há tanto tempo (sete anos), e porque razão a Concha estava lotada de fãs e curiosos.
A apresentação começou com “sem compromisso”, de Nelson Trigueiro e Geraldo Pereira. A Orquestra passeou com fluidez irrepreensível por clássicos do samba e da MPB. E, se há uma coisa da qual o grupo não prescinde, é a irreverência, facilmente notada, acatada e reverenciada pelo público.
Os convidados, marca registrada da OI, são intimados a comparecer ao palco ao som de uma clássica vinheta, utilizada durante muitos anos por Silvio Santos, em seu “Show de Calouros”, aquela com um característico “lá vem Fulano lá, lá rá lá rá...”.
Os convocados não fugiam às características da noite e deram um espetáculo à parte. Tanto a diva Virginia Rodrigues, quanto o roqueiro Márcio Mello entraram na dança e mantiveram o alto nível da festa durante o tempo em que estiveram no palco.
No final de sua apresentação, Márcio, provocado por Moreno Velloso com um sarcástico “agora quero ver você tocar um samba!”, arriscou os primeiros acordes do Samba da Benção, de Vinícius de Morais e Baden Powell. Provocação aceita e respondida, a OI acatou a idéia e seguiu o cantor até o final da música.
A ausência sentida foi de Nina Becker, cantora de voz forte, e dona de uma doçura e presença de palco marcantes, que, apesar de (en) cantar em duas canções, onde o público pôde notar que falta faria sua ausência, passou a maior parte das quase duas horas de espetáculo no backstage, ao que parece, vítima de um súbito mal-estar.
O encanto então ficou por conta do talento e da beleza de Thalma de Freitas, que esbanjou charme e abusou dos elogios ao declarar seu amor à Bahia. Um animadíssimo Moreno Velloso e a irreverência incontida de Amarante, que ao final, deu muito trabalho aos assistentes de palco, subindo no bumbo da bateria e causando uma divertida confusão, enquanto cantava “eu bebo sim, estou vivendo...”, deram cores, e tons, finais ao espetáculo, que contou ainda com um desabafo, em forma de canção, do músico Rubinho Jacobina, irmão do Nélson, cujo refrão dizia, com todas as letras, que, apesar de inúmeros adjetivos que lhe podiam ser atribuídos, “artista é o caralho!”.

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