e com a palavra...

Design de notícias: uma questão holística

Carlos Eduardo Santos

O artigo de Marielle Sandalovski Santos aponta para os cuidados necessários ao se aplicar as modernas ferramentas tecnológicas no design das notícias. A autora pede cautela quanto ao deslumbramento provocado pelas inúmeras possibilidades que estes novos recursos ofertam, acentuando a necessidade de se adequar o gráfico ao conteúdo textual e não o contrário, pois implicaria em corrupção da concepção prévia.
Quanto ao dilema identidade do veículo versus liberdade criativa, é destacada a importância de um padrão identificável do produto, para que, dentre seus pares ou concorrentes, este possa sobressair-se, sendo de fácil reconhecimento, dispensando algo óbvio como um logotipo.
Existe uma tendência real a diferenciar o veículo dos demais, e isso se torna evidente nos tipos, na diagramação e no uso das cores. Tudo com o propósito de buscar uma “cara” única, ressaltando que é de extrema importância demonstrar a quem a publicação é destinada, o design deve atingir o público-alvo sem abrir mão da criatividade.
Sandalovski destaca que, em determinado momento, a fim de não comprometer a identidade do veículo, o designer precisa – e porque não, em todos os momentos – mediar o caminho percorrido entre a informação e o público. Este ponto é necessário para que se tenha a tão almejada interação entre os produtores e os consumidores da notícia.
O profissional do design precisa, acima de tudo, estar sensível tanto à linha editorial a qual está submetido, quanto à difícil missão de condensar em um curto espaço os anseios dos consumidores. Quando bem sincronizados, estes pontos podem causar efeitos excepcionais. Sem esquecer, no entanto, do compromisso primário de informar.
Segundo a autora, o design deve comunicar a realidade recortada e representada nas páginas de jornais e revistas textualmente. Contudo, isso não significa necessariamente que não haja espaço para ousadias comedidas ou alguns detalhes mais arrojados, contanto que não comprometa a mensagem. O detalhe gráfico deve passar precisamente a mensagem contida no texto sem deixar dúvidas sobre seu significado.
De acordo com Marielle é indispensável ao design de notícias o casamento de ritmo e unidade, que, segundo ela, deterá melhor a atenção do leitor. É citada também a necessidade de se agir com parcimônia quanto ao uso de tipos. O uso demasiado de letras distintas pode impor um tom desagradável de profundo mau gosto à mensagem, comprometendo-a.
A utilização de fotografias e info-textos se tornou indispensável nessa nova era da informação. O leitor tem a necessidade de estar cada vez mais próximo ao fato, e isso leva ao emprego destes recursos, que, desde os antigos clichês, são acessórios amigos da notícia. A prudência, no entanto, é essencial. Assim como uma página com texto de ponta-a-ponta cansa (quando nem sequer atrai) o leitor, um texto apenas imagético pode confundir o consumidor da notícia, quando não explorado completamente. A legenda bem aplicada é um recurso simples e eficaz nesses momentos.
O importante no design não está no excesso de tecnologia aplicada. Sua eficácia consiste, antes, em saber aliar o novo aos conceitos primordiais. Cabe então uma afirmação clichê, mas que encerra em si todo o mistério de um bom trabalho gráfico – o menos às vezes significa mais – basta o design transmitir com precisão aquilo que lhe cabe dizer naquele momento, ser auxiliar da notícia, sem com isso, estar abaixo dela, visto que, são ambos complementares. A necessidade de difundir a mensagem, passar adiante a informação prevalece então. A notícia está no equilíbrio das técnicas.