e com a palavra...

Terrorismo Midiático ¹



Carlos Eduardo Santos ²

Este trabalho foi desenvolvido a partir da leitura do texto: “Mais Venezuela”, extraído da coluna de Mylton Severiano, na revista “Caros Amigos”, nº 32, de março de 2008, pág. 09. A nota aborda de forma leve, embora contundente, os constantes abusos da ‘mídia gorda’, que, segundo o autor, insiste em aproveitar-se de fatos relacionados ao poder vigente para influenciar e manipular a opinião pública.
Para
reforçar sua tese, Severiano, lança mão de um fato recente – um texto publicado na Folha On-line, onde uma repórter, deliberadamente, incita o leitor ao pânico relacionado ao medo da febre amarela - fato que pode ter gerado conseqüências fatais.
Soma-se a isto, uma entrevista publicada no livro: Venezuela – povo e forças armadas, de Izaías Almada, na qual um juiz da suprema corte deste país vizinho destaca a necessidade de chamar a esse tipo de ação (ou comunicação, pois são correlatas), assim como aos informes publicitários com as mesmas características, de terrorismo midiático.
Sendo assim, toda e qualquer informação que vise não informar ao leitor/ouvinte/telespectador, mas, induzi-lo a adotar determinado grupo ou pensamento a partir da massificação de relatos e demais elementos que desqualifiquem o lado oposto, deveriam receber essa denominação.
Tendo conhecimento dos episódios supracitados, em especial a posição do magistrado venezuelano, e a partir do conceito do professor Jorge Almeida, que inspirado por Gramsci, propõe a existência de um quarto poder (acrescido às sociedades política e civil, e à estrutura econômica), este, por sua vez, simbólico – a mídia, que tem sido responsável e responsabilizada por freqüentes injustiças, ou, para ser mais exato, asneiras, que trazem e trouxeram resultados por vezes terríveis.


República dos Coronéis

No Brasil, a mídia adquiriu contornos hegemônicos de tamanha dimensão, que hoje, torna-se difícil mensurar sua força. Isso devido ao seu poder de manipular a sociedade de acordo com sua vontade. Há que se ressaltar com veemência, o fato de que, neste país, os principais meios de comunicação estão em poder das grandes oligarquias políticas. Verdadeiras empresas familiares, máquinas que giram em torno de um ideal perene de poder quase absolutista, que em certos casos, chegam a tomar atitudes ditatoriais, não abrindo espaço para o surgimento, ou, ao menos, à divulgação da existência de grupos contrários.
Esse novo coronelismo consegue manter-se vivo graças, claro, ao seu poder econômico, mas, sobretudo, à posse destes veículos, que lhes garante, além do controle sobre a opinião pública, uma vantagem contra seus adversários menos poderosos. Aproximando mais nossa lente para a Bahia, temos o exemplo maior do carlismo, que, seguindo uma tendência já comum a esse estado, dominou por anos a fio as ações governamentais desta terra, e, que ainda hoje mostra cicatrizes profundas pelos caminhos em que passou.


Quarto Poder

Esse conceito de poder sugerido por Jorge Almeida, remete a uma ‘entidade’ onipotente, quase uma deidade, cuja vontade tende a nos impelir contra qualquer obstáculo que esteja impedindo seu progresso contínuo. Há que se ter cuidado constante com as peripécias da mídia, contudo, vale a pena lembrar que esta não age sozinha – existem pessoas por trás de suas ações – há, portanto, a possibilidade iminente, e comum, do erro, como em qualquer manifestação humana – devido talvez, aos elementos passionais contidos nos pormenores das atividades envolvidas, o componente humano.
Casos como o do pânico relativo às doenças da moda – ebola, febre amarela, antraz, etc. ou como o do próprio golpe a Hugo Chavez, em 2002, incitado e transmitido à exaustão como uma novela qualquer por uma influente rede de televisão venezuelana, expressam a necessidade, não de se policiar, pois o termo pode assustar alguns, mas, de filtrar toda e qualquer mensagem midiática.
É necessário lembrar, pois, que o mais singelo anúncio de refrigerante ou de leite em pó pode conter em suas entrelinhas, abuso, sectarismo, preconceito, ou qualquer ataque movido pela força do senso comum, algo que será sentido com vigor, e que se espalhará como uma praga na lavoura, no futuro.
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¹ Trabalho individual apresentado ao Centro Universitário da Bahia- FIB, como avaliação parcial da disciplina Comunicação e Política, sob orientação do Prof. Sante Scaldaferri.² Carlos Eduardo é estudante de comunicação social / jornalismo na FIB.

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